segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ressaca emocional

Tem gente que nem se importa com a rotina que leva, ou se é obrigado a fazer coisas que contrariam seus sentimentos e anseios. Outros, aqueles que fazem o que gostam e trabalham não só com a mente e o corpo, mas também com a alma, experimentam – às vezes – a sensação de uma ave aprisionada na gaiola. Ela está ali, linda, viva, cantando por um pouco de água e ração. Faz o que gosta, certamente, e vive uma vida resignada. Isso porque não tem a exata noção de que poderia alçar vôos mais longos, muito além de um poleiro ao outro.

Com as pessoas acontece quase isso. A diferença é que, muitas vezes, elas sentem dentro de si que sabem e podem ‘voar’, mas, por um pouco de água e ração, curvam-se diante do outro. Ah, o outro... Aquele que, tendo poder, se sente uma águia voraz. Mas que, em termos de qualidade de ser, não passa de um pardal comum. Travestido de águia, se impõe sobre os demais, frisando quão pequenos, imperfeitos e insignificantes eles são.

O bom, na vida da gente, é que há sempre um “start”, um motivo repentino que nos faz mudar tudo, que nos encoraja a abrir as asas e voar. Esse impulso pode ser alimentado pela tomada de consciência, pela paixão ou pela dor. Ainda são poucos os que viram a mesa apenas porque se percebem incompreendidos e subvalorizados. Outros, quando se apaixonam, se enchem de coragem para mostrar ao mundo quantas coisas boas são capazes de fazer. A grande maioria, entretanto, reage à dor – o que me faz crer que jamais devemos maldizer a dor que nos atinge, porque a gente nunca sabe se ela nos fará mudar para melhor e nos apresentará pessoas mais dignas da nossa companhia.

Se eu usei a metáfora das aves, uma amiga usou a dos vinhos. Desanimada, ela disse: “Sabe quando você paga caro por uma caixa de vinho, imaginando que vai degustar de um buquê inigualável e, de repente, percebe que foi enganado e que tudo o que sobrou foram diversas garrafas de um vinho ordinário? Então, você pensa no que fazer com o lote. Dar para um amigo, nem pensar – já que ele não merece. Dar para um inimigo, pior ainda, porque, além do investimento que você fez, ele vai desconfiar de suas intenções. Se quebrar as garrafas, quem recolher poderá se machucar. Enfim, diante desse dilema, você permanece estático com as garrafas à sua frente, em plena ressaca emocional. Ressaca não é abandono. É pior. É você não saber o que fazer com a situação que não deixará nem saudades”.

As palavras da minha amiga calaram em mim. Afinal de contas, elas podem se aplicar a diversos momentos da nossa vida: o fim de uma amizade, o rompimento de um trato ou nossas insatisfações profissionais, por exemplo. Mas também percebo que falta bem pouquinho para tudo isso voar pelos ares e servir de impulso para algo muito maior e melhor. E como é gostoso saber que está ao nosso alcance começar a mudar. E que, para fazer a coisa acontecer, é preciso deixar fluir, soltar as amarras sem medo, esquecer a portinha da gaiola aberta, displicentemente.

Chegando ao fim deste nosso momento, deixo para vocês uma frase extraída do filme Sob o sol da Toscana: “Eles construíram os trilhos do trem nos Alpes, entre Viena e Veneza, antes mesmo de ter um trem que pudesse fazer a viagem. Sabiam que um dia o trem chegaria. Qualquer curva arbitrária no meio do caminho estaria em outro lugar, diferente (...)”.


Os trilhos estão prontos, meu trem chegou e, assim que viajar por este caminho até o ponto final, estarei certa de que é apenas o (re)começo. É o ponto de partida, de onde alçarei voos mais longos, muito além de um poleiro ao outro.


segunda-feira, 23 de março de 2009

O bordado da vida

"Quando eu era pequeno, minha mãe costurava muito. Eu me sentava no chão, brincando perto dela, e sempre lhe perguntava o que estava fazendo. Respondia que estava bordando. Todo dia era a mesma pergunta e a mesma resposta. Observava seu trabalho de uma posição abaixo de onde ela se encontrava sentada e repetia:

- Mãe, o que a senhora está fazendo?

Dizia-lhe que, de onde eu olhava, o que ela fazia me parecia muito estranho e confuso. Era um amontoado de nós, e fios de cores diferentes, compridos, curtos, uns grossos e outros finos. Eu não entendia nada. Ela sorria, olhava para baixo e gentilmente me explicava:

- Filho, saia um pouco para brincar e quando terminar meu trabalho eu chamo você e o coloco sentado em meu colo. Deixarei que veja o trabalho da minha posição.

Mas eu continuava a me perguntar lá de baixo:

- Por que ela usava alguns fios de cores escuras e outros claros? Por que me pareciam tão desordenados e embaraçados? Por que estavam cheios de pontas e nós? Por que não tinham ainda uma forma definida? Por que demorava tanto para fazer aquilo?

Um dia, quando eu estava brincando no quintal, ela me chamou:

- Filho, venha aqui e sente em meu colo. Eu sentei no colo dela e me surpreendi ao ver o bordado. Não podia crer! Lá de baixo parecia tão confuso! E de cima vi uma paisagem maravilhosa!

Então minha mãe me disse:

- Filho, de baixo, parecia confuso e desordenado porque você não via que na parte de cima havia um belo desenho. Mas, agora, olhando o bordado da minha posição, você sabe o que eu estava fazendo.

Muitas vezes, ao longo dos anos, tenho olhado para o céu e dito:

- Pai, o que estás fazendo?

Ele parece responder:

- Estou bordando a sua vida, filho.

E eu continuo perguntando:

- Mas está tudo tão confuso Pai, tudo em desordem... Há muitos nós, fatos ruins que não terminam e coisas boas que passam rápido. Os fios são tão escuros. Por que não são mais brilhantes?

O Pai parece me dizer:

- Meu filho, ocupe-se com seu trabalho, descontraia-se, confie em Mim...e Eu farei o meu trabalho. Um dia, colocarei você em meu colo e então vai ver o plano da sua vida da minha posição.

Muitas vezes não entendemos o que está acontecendo em nossas vidas. As coisas são confusas, não se encaixam e parece que nada dá certo. É que estamos vendo o avesso da vida! Do outro lado, Deus está bordando..."

Deus trabalha em silêncio pelos que Nele confiam e esperam. Deus trabalha enquanto você dorme. Deixe sua vida nas mãos de Deus. Deixe-o bordar sua vida que, com certeza, logo adiante você verá um lindo bordado!

Esperar em Deus é ter a certeza que estamos sendo ouvidos, é acreditar que Deus está trabalhando por nós. Em Salmos 40:1 e 4 as palavras do rei Davi nos confortam: “Esperei com paciência no Senhor e Ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor” e “Bem aventurado é o homem que espera no Senhor”.

Boas novas!!!

Primeiramente quero me desculpar pela ausência e agradecer todos os recados de incentivo que tenho recebido. E dizer aos que se preocuparam com minha "paixonite" que está tudo sob controle! Vários fatos me mostraram que vocês tinham razão (e meu consciente também hehe) ao dizer que eu merecia alguém mais maduro - ainda que ele se ache O cara maduro (rs), menos complicado e que combinasse comigo, com o que quero para mim. Afinal, apenas um (no caso, eu) abrir mão de certas posturas não dá né?! ;) Estou até aliviada por tudo ter passado, pelo que já leram, e pelo que vou dizer a seguir.

Não vou postar detalhes aqui por não ser necessária tal exposição, mas o recado é este: Nosso coração as vezes engana a gente, como a própria bíblia diz em Jr 17:9 "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas". Mas em poucas semanas, depois do ocorrido, eu pude entender o "para quê" este sentimento aconteceu, pois creio que todas as coisas tem um propósito na nossa vida. Sempre tiramos lições dos acontecimentos, sejam eles positivos ou negativos. Enfim, estou muito tranquila e a página foi virada de forma muito natural e madura. E torço de verdade para que esta pessoa seja feliz, realizada, e cresça na vida, aprendendo a ver o mundo de outro ângulo.

Também percebi que, ao abrir mão de certas coisas, colocando para Deus que se fosse da vontade Dele eu estaria disposta a obedecê-lo, ainda que esta pessoa não fosse o que eu sempre sonhei para mim, que eu o faria. Por acreditar que Deus tem sempre o melhor para nós e por ver que amar seria uma escolha, uma decisão. E por isso me deixei aberta para algum sentimento que veio a nascer. Assim como a possibilidade de mudança para São Paulo, sendo que meu sonho sempre foi morar no Rio. Ainda assim, se fosse o que Deus quissese para a minha vida, eu mudaria de percurso. Sinto que, depois de ser provada e me mostrar fiel a Ele, Deus está me deixando seguir em frente de acordo com os meus sonhos, sendo fiel também a mim.

Estou livre para seguir em busca dos meus objetivos, com o coração aberto, sem que ninguém "me prenda" a algum lugar. As portas estão se abrindo, pessoas especiais foram colocadas na minha vida para me dar apoio na minha nova trajetória, e a paz e a esperança estão plantadas no coração. Em apenas um final de semana que estive no Rio de Janeiro já consegui um bom lugar para morar, a princípio, o que me tranquilizou muito, e meus pais mudaram a imagem que faziam da cidade - eles preferiam que eu fosse para SP porque tinham medo do RJ, mas agora estão encantados e mais calmos com a minha decisão. Também fui chamada para duas entrevistas de emprego, sendo que na correria deu para distribuir apenas cinco currículos. Isso foi um aviso de que boas notícias virão no tempo certo, pois Deus vê a minha disposição em correr atrás dos sonhos e está trabalhando em meu favor.

"As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam!" I Cor. 2 : 9

sexta-feira, 6 de março de 2009

Vou-me embora pra Pasárgada! =)

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Minha vida tá uma "comédia": me apaixonei pela pessoa pela qual não podia, to me mudando para o Rio (o que vai fazer com que rapidinho eu esqueça deste romance mexicano impossível - aliás, os demais que me desculpem, mas os cariocas são d+ rs... - olhar pode né, vou ficar quietinha!) , ainda não tenho lugar para morar e muito menos um emprego certo. Só sei que vou. Esta é uma das únicas certezas: entrego a monografia da minha pós-graduação esta semana e depois arrumo minhas malas. Ah, e que fique bem claro que tal decisão já tinha sido tomada antes do episódio de ontem à noite, portanto, não, por mais que pareça, não estou fazendo nenhuma loucura. Pelo contrário, já tinha os planos em mente e vou atrás dos meus sonhos.

Sabe aquele reloginho que existe dentro de você? Sim, todas nós temos um reloginho que uma hora desperta e grita vaaaaai! Pois é, ele já tá na função soneca... que fica apitando depois de 10 em 10 minutos. E eu não vou fazer a besteira de perder a hora. Aproveitando, lembro-me de um trecho da música de Ana Carolina, ao qual me identifico neste momento, que diz:

"Já sei olhar o rio por onde a vida passa. Sem me precipitar e nem perder a hora. Escuto o silêncio que há em mim e basta. Um novo tempo começou para mim agora!"

Cidade maravilhosa aí vou eu! =D


Página em branco

"O futuro tem muitos nomes. Para os fracos, é o inatingível. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes, a OPORTUNIDADE". Victor Hugo

Deparo-me com uma página em branco, como um novo capítulo da minha vida, o começo do seu ápice. E como isto tem me animado! Embora o autor da minha vida seja Deus, como um bom escritor Ele me dá o livre arbítrio de fazer escolhas e trilhar meu caminho. Posso começar a escrever... do começo. Tenho a chance de recomeçar. Ele me deu esta oportunidade. Não estamos fadados a nada, Deus fez com que todos os dias sejam passíveis de recomeço, de transformação. Mas agora, de certa forma, é especial. Talvez você esteja pensando, "que louca!" Outros me admiram e falam: "parabéns pela sua coragem e determinação, siga em frente que você vai longe" (obrigada pelos incentivos galera). E outros me perguntam "mas você não tem medo"? A minha resposta é não, não mesmo.

Martinho Lutero sabe bem o que sinto quando disse "Não sei por quais caminhos Deus me conduz, mas conheço bem o meu guia: Jesus Cristo". Ainda que você não saiba o futuro que lhe espera, enquanto a sua vida estiver nas mãos do Pai e Criador, você estará abrigado e seguro. "Guarda-me como à menina dos teus olhos; esconde-me debaixo da sombra das tuas asas" (Salmos 17:8).

É incrível como em um momento onde não há respostas concretas e minha vida parece que está de ponta cabeça (ou melhor, sem ponta), consigo ter uma PAZ tão grande e uma certeza de que tudo vai dar certo. Nesta vida a gente tem que ter fé. Fé em Deus e fé na gente mesmo, afinal nos foram dadas inteligência, força e todas as condições necessárias para que corramos atrás dos nossos objetivos. Portanto, vamos arregaçar as mangas. Mas a sabedoria, esta vem do Pai. Precisamos buscá-la a todo momento para que saibamos escolher os melhores caminhos, que nos farão mais realizados pessoalmente e profissionalmente, e que possamos servi-lo para o bem de todos da sociedade e para o nosso próprio bem.

"E ele me ensinava e me dizia: Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus mandamentos, e vive. Adquire sabedoria, adquire inteligência, e não te esqueças nem te apartes das palavras da minha boca. Não a abandones e ela te guardará; ama-a, e ela te protegerá. A sabedoria é a coisa principal; adquire pois a sabedoria, emprega tudo o que possuis na aquisição de entendimento". (Pv 4:4-7)

"Tão boa é a sabedoria como a herança, e dela tiram proveito os que vêem o sol. Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor". (Ec 7:11-12)

Sigo caminhando em paz e com a certeza de que tenho um Deus zeloso que cuida de mim, me guarda, me ilumina e me guia. E que me dá forças para enfrentar os desafios da vida.


Coração triste :´( O que posso fazer?

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PAUSA PARA O "PLANTÃO DA GROBO"

(Aquele que sempre pega a gente desprevenido e só vem bomba! Eu fico até com medo quando escuto a musiquinha...)

Agora pouco recebi uma notícia que mexeu demais comigo... e me provou que nem quando eu acho que aprendi a escolher (ainda que aparentemente), eu soube escolher de verdade, ou melhor, eu soube escolher o que seria realmente bom para mim. Enfim, se alguém tem "dedo podre" essa sou eu hahaha. Mesmo quando a gente tenta escolher "com os olhos de Deus", achando ter acertado...

Não consigo nem escrever o que se passa, porque nem eu entendo muito bem (e quando parece que entendi, percebo que na verdade eu não sei é de nada! rs) e talvez até "lute contra" isso. Tanto que não sabia há muito tempo o que é chorar por alguém, ou melhor dizendo, chorar pelo sentimento que cresceu por alguém que eu não queria (porque, assim como o caramujo, também acho que somos de espécies diferentes - sabe aquele tipinho bem complicado -, apesar de cada um ter suas qualidades), e por perdê-lo antes mesmo de qualquer tentativa... até mesmo de me expressar (embora, me conhecendo bem, duvido e o dó que o faria). Mas vai passar e daqui há pouco vou dar risada dessa confusão sentimental toda! Aliás, ficarei até aliviada de ter me safado dessa (gostar de alguém quando já se sabe de cór os defeitos não é fácil, pois pula a parte cor de rosa onde tudo são flores e a pessoa amada é "liiiiinda" e passa logo para "a vida como ela é").

Quem sabe um dia eu não venha a falar sobre mais uma das minhas histórias... Ou quem sabe este é apenas um capítulo de uma história que nem começou ainda. O futuro a Deus pertence. As vezes acho que tem coisas que só acontecem comigo, hehe. Ainda estou meio zonza, "processando" a informação. Que aliás, com o avanço da tecnologia, corre na velocidade da luz!

Ah, também tenho a dizer que mulher:
  • é do contra (porque eu sempre respondia pra mim mesma, tentando me convencer, através de vários argumentos e motivos "razoáveis", que não o queria nem pintado de ouro pra mim, embora meu coração me respondesse o contrário. Então, se por vários momentos agi com a razão, porque isso agora? Coração burro!);
  • sempre gosta do que é mais difícil (porque agora não tem mais jeito);
  • NUNCA deve dizer nunca (ou pagará a língua igual eu, porque coração não pensa!).
Vai entender...

Mas ao ficar com o coração apertadinho, busquei uma palavra de Deus para mim, e então Ele me respondeu para que eu nunca me esqueça disso, me dando estas passagens:

Sl 73:26/28 A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha porção para SEMPRE. (...) Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor Deus, para anunciar todas as tuas obras.


Is 55:8 Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. (Jr 29:11) Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor: pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.


Ef 3:19, 20 E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso (Deus) para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera.


Que as palavras de Deus se cumpram na minha vida e na sua também. E eu tenho certeza que a promessa vai se cumprir. ;)

"ESPERANÇA é esperar por aquilo que não se pode ver".

domingo, 1 de março de 2009

Amor-próprio ou vaidade? Eleve sua auto-estima, mas não vire refém do seu ego

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Tenho muitas coisas para compartilhar, e é difícil não me “perder” em meio a tantas respostas achadas para perguntas que eu venho buscado. É difícil ordenar todas elas, porque acontecem simultaneamente em nossas vidas, e não em tópicos como preciso postar no blog. Embora gostaria de chegar depressa na essência destas questões, primeiro preciso tentar organizar meus pensamentos, até mesmo para melhor expor para vocês. E bota exposição nisso... rs... Mas fico feliz (de verdade, e estou feliz) de poder fazê-lo, pois muitas das situações pelas quais passei podem ajudá-la(o) a olhar para sua própria vida. Sou grata pela minha experiência, pois a partir dela passei a olhar, entender e amar muitos dos meus irmãos, ainda que de opções de vida diferentes da minha, sem qualquer tipo de acusação, julgamento ou pré-conceito, que infelizmente ainda há por aí (mesmo nos que dizem não ter, mas estão impregnados deles, ainda que de forma inconsciente. Eu me policio o tempo inteiro.). Sem dúvida o aprendizado me fez amadurecer e saber compreender o outro lado.



Auto-afirmação



No post anterior eu falei um pouco sobre a vaidade. “Essa coisa de ego é complicada, e se alimentarmos a vaidade além do necessário, podemos virar refém dela”. Algumas vezes nos deixamos confundir entre elevar a nossa auto-estima e alimentar nossa vaidade. A vaidade nem sempre está ligada à beleza; pode ser sua inteligência, esperteza, alguma posse, até mesmo sua vida espiritual pode se tornar uma vaidade se você sempre se colocar como melhor do que os outros, mais correto, que tem mais fé, que é mais ativo, obediente, ou sei lá o quê. A sua vida profissional pode se tornar uma vaidade, quando você também se acha o melhor líder, o melhor funcionário, o mais sabichão. Ainda que não demonstre isso aos colegas, a vaidade supostamente quer provar algo para você mesmo. Até porque, se você falar o que pensa aos outros, provavelmente será visto como alguém arrogante. E quem se acha o melhor, quer ser reconhecido como o melhor, ainda que de forma sutil e humilde; como uma resposta de muito obrigado, mas um pensamento de “eu já sabia”. O fato é que estas vaidades podem te afastar dos relacionamentos sinceros (amorosos e de amizades) que tem buscado, ainda que aparentemente pareça o contrário.



Qual é o limite?



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Devemos cuidar da nossa auto-estima. Precisamos saber do nosso real valor, da nossa verdadeira colaboração para a sociedade, da nossa importância como peça no sistema, em que todos somos úteis. Precisamos nos querer bem, gostar de nós mesmos para que este engenho funcione. Isto está no principal mandamento, que amemos a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a mim mesmo(a). Se eu não amar a mim, como saberei amar ao próximo? E acredito que o primeiro passo para eu me amar da forma como mereço é entendendo e recebendo o amor de Deus por mim, e então deixar este amor tomar conta da minha vida até transbordar ao meu irmão. O problema é quando confundimos isto e passamos a nos amar de uma forma narcisista, tal qual foi citada acima: ao alimentarmos tanto a nossa vaidade, o nosso ego, a deixamos tomar conta da nossa vida.

Me abrindo com vocês mais uma vez, percebi que passei por dois processos em que a linha de separação é sutil e perigosa: o de elevar minha auto-estima, que estava baixa ao passar por certos problemas pessoais, e o de cuidar da minha vaidade que estava deixada de lado, diretamente ligada à auto-estima. Os dois eram necessários. O problema foi quando gostei dos resultados obtidos e passei a pautar muitas coisas em cima disso, ainda que inconscientemente. No meu caso a vaidade está ligada a vaidade feminina mesmo, de cuidado da beleza do corpo. Não sou do tipo de mulher que investe em vários cremes e nem mesmo em academia de ginástica (tem 5 anos que eu não malho e estou até precisando adquirir o hábito) ou tratamentos de estética (embora alguns seriam bem vindos rs). Mas tenho alguns cuidados e algumas vaidades normais, do tipo, gostar de me vestir bem, passar uma maquiagem básica ao sair à noite, por ex, estar com os cabelos bem cuidados. Até aí não vejo problema algum, pelo contrário, é saudável que você se cuide, que você se sinta bem não só com você mesma mas com o espelho. Devemos cuidar do corpo e da alma, afinal não somos só matéria, nem tampouco só espírito. Precisamos encontrar um equilíbrio no todo.

Já escutei pessoas dizendo ser perda de tempo cuidar da aparência, mas ao imaginar um(a) namorado(a) já deseja logo o item: ele(a) precisa ser bonito(a), senão não dá. Como não quero aprofundar neste comentário, preciso apenas dizer: imagino que se ele(a) for mesmo assim, queira ao menos o mesmo... então vá se cuidar. Não dá pra ser desleixado e querer o contrário. Não é gostoso a gente saber que alguém se arrumou para sair com você, pensou em te agradar, em mostrar que se importa? Duvido que alguém não gostaria de ter uma pessoa cheirosa, arrumadinha e em boa forma do lado. Pode ser até que não seja prioridade, mas se vier assim melhor ainda não é mesmo? O que não dá é para exigir algo que você não faz o menor esforço em melhorar em você mesmo. Pelo menos é assim que eu penso. Via de mão única é complicado...




Vaidade, não me prenda!




Após elevar minha auto-estima e aprender a me amar como sou, com todas as qualidades e defeitos, tanto físicos e de personalidade, passei a dar mais valor a aparência, ou melhor, ao que a aparência me proporcionava até então. Num mundo onde a superficialidade nos relacionamentos impera, e as pessoas te enxergam num primeiro momento só com a casca, a beleza te atrai e atrai as pessoas para esta fantasia de que eu tenho quem eu quero (já falado no post anterior). Só que dependendo do seu posicionamento, algo bom pode virar quase desastroso.

Peço, primeiramente, para que não me entendam mal ou me vejam como metida, pois apenas estou compartilhando experiências. Não me coloco entre as mais lindas, mas muito menos entre as feias. Sei que beleza é questão de gosto, e provavelmente enquanto muitos me acham bonita, linda ou sei lá quais outros adjetivos, eu posso não fazer o menor estilo de outra pessoa e com certeza isto acontece. E claro que também passo dias em que brigo com o espelho, em que nada está bom. Mas sei que tenho meu charme ou meu lugar ao sol, digamos rs. E o que importa é que “eu me amo”. Inclusive brinco com isto, acho que devemos ter humor. Fora que mulher sabe como atrair os olhares, e postura, neste caso, ajuda muito. Aliás, acho que todas as mulheres e homens deveriam ter esta auto-confiança (o que é diferente de arrogância), pois sem dúvida isto exala em sua volta e as pessoas até te admiram por se gostar, se respeitar e estar bem com você.

Mas de um tempo para cá percebi que algo aparentemente bom - afinal, quem não gosta de receber elogios e ser cobiçada(o) – pode virar contra você mesma (o). Algumas vezes já escutei: “poxa, como você é legal, como você é madura, responsável, eu achava que você era mais uma destas garotas bonitas, mas sem nada na cabeça. E me enganei. Gostei muito de te conhecer melhor.” O que poderia ser apenas mais um elogio, passou a soar como um alarme, pois alguma imagem (errônea) eu estava passando para que estas pessoas assim me julgassem (não que eu esteja muito preocupada com o que pensam de mim rs... já passei desta fase). Mas passei a me perguntar de que forma eu estava contribuindo para tal impressão. Percebi que não só as escolhas de relacionamentos superficiais na balada contribuíram para isto, como a forma de me expor através de certas roupas nestes mesmos lugares.




O espelho tem sido franco com você?



Como jornalista especializada em moda, nada mais natural gostar de me vestir bem, de ter um estilo meu, de abusar das roupas para explorar os meus pontos fortes. É típico das mulheres usar das roupas para seduzir. Quem não repara o desfile de moda que há nas nights badaladas, nos bares da paquera? Mas se isto virar muito importante, ou se não apelarmos para o bom senso, quando percebermos seremos escravas(os) da aparência e da nossa própria beleza. Nos tornaremos como as carnes nos açougues prontas para serem pesadas (ou medidas – já perceberam aquela olhadinha que te dão do tipo 360º, analisando a “mercadoria”? pois é...) e postas à mesa para serem devoradas. Me desculpem a comparação, mas é este o termo. Como falei no post anterior o culto ao corpo é tão grande no Brasil, que muitas mulheres viram – e se deixam virar – objetos de desejo. Embora tenham sentimentos, inteligência e uma bagagem interessante de vida, passam a ser vistas apenas pelas curvas. Você quer ser reduzida a isto?

Não estou dizendo aqui, longe de mim, que devemos passar a usar saiões e roupas largas, claro que não, nem eu o faria. Mas devemos prestar atenção até mesmo na escolha e combinação das roupas que vestimos, pois a roupa é uma forma de expressão, você diz muitas coisas com a roupa que veste. Quantas vezes eu passei pelas ruas do buxixo noturno ao ir para um barzinho “me achando” porque vários caras viravam o pescoço para me ver passar? Hoje, eu penso: será mesmo que ele via a Débora passar ou o que estava no decote de uma roupa, o que estava marcado em um short justo, ou as pernocas aparecendo pelo mínimo comprimento de uma peça de roupa? Sim, alguns me conheciam e podiam ter certa admiração, mas muitos eram aqueles rostos desconhecidos (ou do tipo, ja te vi na night) que se contentavam apenas com o "embrulho" ou melhor, o que estava dentro dele. Cada roupa tem sua ocasião certa para ser usada, mas, algumas vezes, por nos acharmos em boa forma, acabamos confundindo centros urbanos com praia... e quando o feed-back é favorável e os olhares masculinos aprovam, danou-se tudo. A vaidade agradece, mas e você, é isto mesmo que quer?

Você que tem buscado um relacionamento estável, de respeito e carinho, tem se portado como? Qual será a imagem que você passa através da roupa que usa? Como tem se portado? Gostaria de ser entendido(a) de que forma? Que tipo de relação ou pessoa você atrairia a partir desta escolha - ate mesmo de se vestir de determinada forma? A todo tempo tem alguém te observando... Você tem buscado relacionamentos superficiais, a partir do que os olhos querem ver, ou relacionamentos sinceros, em que deseja compartilhar as suas experiências de vida e ser visto(a) como é, e não apenas pela aparência? Faça as suas perguntas colocando qual é a sua vaidade como reflexão e suas respostas te direcionarão para onde quer chegar.




Sempre é tempo de mudança




Como já falei, cansei de relacionamentos superficiais embora tenha tido algumas experiências bacanas nesta vida de dois anos de solteira. Tive o privilégio de tornar-me ate mesmo amiga de pessoas que me conheceram melhor, e que por ocasiões ou objetivos de vida diferentes não tivemos um relacionamento mais sério. Pessoas com as quais pude ser eu mesma, independente de ter que usar a roupa da moda, estar com as unhas pintadas e maquiagem impecável. Pessoas que me viram de cara lavada, que conhecem meu gênio difícil, mas que sabem reconhecer as qualidades que tenho. Não quero viver de aparência, ser mais um rostinho bonito na multidão, até porque o que tenho para mostrar é muito melhor do que minha beleza física. Não quero que as pessoas se atraiam por mim pelo que aparento, mas pelo que sou. Quero dedicar-me a conhecer melhor as pessoas e deixá-las que me conheçam também, sem atropelos e precipitações. Quero relacionamentos de amizade e de amor, sinceros. E pra isso, percebo que antes de conquistar o que busco, preciso colocar ao pé da letra o mandamento sobre o amor. “Amai a Deus sobre TODAS as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. Lembro me sempre daquela passagem que diz: “Buscai a Deus em primeiro lugar que as demais coisas vos serão acrescentadas”.
"Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa sim será louvada". Pv 31:30

Deus, não me deixes esquecer que tu és o Senhor da minha vida, ao qual eu me coloquei disposta a servir. Que eu sinta o teu amor todos os dias, pois sei que o Senhor enxerga muito além do que as pessoas vêem. O Senhor, meu Deus, vê o meu coração e não há máscara que possa me esconder da tua face. Obrigada Pai porque me amas do jeitinho que sou e porque tens sido paciente comigo em teus cuidados e ensinamentos. Porque sou a menina dos teus olhos. Porque sei que tu tens o melhor para mim e tens me preparado para receber o teu presente. Desculpe-me meu Pai pelas vezes em que não entendi o verdadeiro significado de amor próprio, que tu me ensinaste, e trouxe a vaidade em seu lugar, distorcendo as verdadeiras escolhas que gostaria de ter feito. Me ensina a ser obediente a Ti, para que Teu plano se cumpra em minha vida, pois sei que algumas vezes faço escolhas erradas e tua vontade é perfeita, porque o Senhor tudo sabes. Me dê disposição para servir a Ti e aos meus irmãos com alegria. Ensina-me a amar cada vez mais meus irmãos apesar das diferenças e aparências. Que em seu lugar, meu Deus, nunca esteja alguém ou coisa alguma, mas que o buscar a Ti seja sempre a minha prioridade. Toma o lugar que é Teu na minha vida. Amém.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Relacionamentos: a cultura do descartável


Há algum tempo venho pensando sobre o que a geração de hoje chama de “ficar com alguém”. Nunca vi problema nisso, mas depois de certa maturidade algumas coisas ficaram mais claras e passei a me questionar sobre tal atitude e o que ela acarreta para quem o pratica. Não tenho interesse aqui de dizer o que é certo ou errado, até porque acho que isto é algo que não cabe a mim, além de ser muito particular. Longe de mim querer julgar alguém, até porque eu estava no mesmo barco e por ter passado por algumas situações, consigo compreender. Mas sinto o desejo de compartilhar algumas experiências do “mundo de déb” (e olha que eu sou exigente e muito seletiva para este tal de ficar, imagina quem não é...) e espero que sejam úteis a quem está buscando o mesmo que eu (um relacionamento bom e verdadeiro), ou até mesmo aos que ainda estão confusos. Afinal, a reclamação ta geral...


A lei da atração


Posso dizer que sempre tive todos os caras que desejei (e os que não “conquistei” não completaram os dedos de uma mão), passando pela listinha dos cobiçados, modeletes, populares, gatos, charmosos e os nem tanto assim. Mas o fato é que eu pensava: quero este, e o tinha. Mas será que o tinha mesmo? Depois de um namoro de 5 anos e meio, e dois anos de solteira, percebi que na verdade o que passou a importar para mim era a conquista, a auto-afirmação de saber: eu quero, eu consigo, eu vou ter – ainda que seja por uma noite. Era aquela coisa da vaidade falar mais alto e saber que os caras que eu desejava também me desejavam. Que eu sou bonita, atraente, e que eu chamava mais atenção do que várias outras mulheres na mesma pista ou no mesmo bar, embora entre amigas nunca tive competição. Essa coisa de ego é complicada, e se alimentarmos a vaidade além do necessário, podemos virar refém dela. (vou escrever sobre isto em uma próxima oportunidade)

Acredito que muitas mulheres querem se sentir assim: desejadas, cobiçadas, disputadas. Faz bem ao ego, ao espelho, ao nosso lado narcisista. Mas faz mal para o coração. Afinal ser objeto de desejo não deve ser tão bom assim. Da mesma forma como, mesmo sem perceber, eu fazia dos caras apenas objetos de sedução, muitos fazem conosco da mesma forma. Só que na cultura do ficar impera a superficialidade. Afinal, podemos falar que tivemos alguém apenas por uma noite, por alguns finais de semana? Podemos dizer que conquistamos de fato? Não. Realmente a melhor palavra para definir é ficar, pois apenas estivemos com a pessoa por alguns momentos, nada além. E nenhum coração resiste muito tempo a isso.


Mentiras que gostamos de acreditar


Às vezes eu tentava me enganar, dizendo: quem sabe dali nasce alguma relação bacana? Afinal, se eu não ficar, não vou saber. Depois me dei conta que a ordem estava invertida. Porque não conhecer primeiro para depois ver se dali tem como nascer alguma relação legal, pautada também na confiança mútua? Primeiro a gente beija (para as iniciantes ou que tem mais convicção sobre certas atitudes, pois hoje o que se vê na verdade é “beijo na boca é coisa do passado, a moda agora é namorar pelado”, como diz a música), para depois conhecer. Experimenta e depois joga fora, como algo descartável. E passamos a pautar nossa vida pelas sensações da carne: desejo, tesão, atração, e só. Se a química bateu a gente tenta, senão vamos mudar de sabor. Onde foi parar o carinho, a afinidade, a amizade, o querer bem, o gostar pra valer? Será mesmo que o desejo carnal será suficiente para manter uma boa relação? Creio que não, uma boa relação está muito além disso. Como diz a frase: case-se com quem você gosta de conversar, pois beleza e sexo um dia acabam. Ainda que não estejamos falando aqui de casamento, creio que nas relações isto seja muito importante. Não há namoro que dure se não houver respeito, confiança, cuidado, carinho, companheirismo, compreensão, amor verdadeiro...

Ficar é normal, louco é quem pensa de outra forma

Não generalizo dizendo que todos estão neste ôba-ôba, que querem estar nesta micareta generalizada ou que tem a real noção que estão magoando outra pessoa dependendo da forma com que a trata. Mas a realidade é que, no Brasil, a cultura do descartável impera. Já virou normal. Louco é quem pensa de outra forma. Beijar na boca é bom, então que mal há? Se olharmos para outros países – e nem precisamos ir até o oriente ou ver “Caminho das índias” para provar o contrário –, veremos que no nosso país a sensualidade e o culto ao corpo falam mais alto e, por conseqüência, tudo o que está ligado a ele. As pessoas passam a ter apenas curvas no lugar do coração, não importa se ele vai bater mais por mim ou não, eu só quero beijar, beijar, beijar...

Dois mais dois nem sempre são quatro

Não digo também que não possa nascer alguma relação saudável de uma ficada de balada, pois já vi casos que deram certo, ou que, pelo menos aparentemente dão certo, mas posso dizer que é exceção. E aí é que está o perigo. No ficar de galho em galho, pula de um pra outro procurando alguém que possa dar certo, vc chega à conclusão (errada) de que todos os caras ou todas as mulheres não prestam. De que todos só querem zuada, de que todos só querem sexo, de que todos são iguais, que ninguém te quer pra valer, que não há compromisso verdadeiro, que os caras ou mulheres te querem, mas não querem te assumir porque isso envolve outras renúncias. Ou seja, eu não quero te ter, mas também não quero te perder. Como um brinquedinho na estante que brinco quando sinto vontade. E aí, pessoas tão diferentes, com experiências de vida tão particulares, se tornam iguais num termo pejorativo, por escolhas de vida que você mesmo fez.

Acredito que há vários casos. Eu já passei por três momentos: o de estar na balada só por zuada, por querer simplesmente o prazer momentâneo de ficar com alguém por revolta de relacionamentos passados, por carência, por conquista, por desejo, pra provar alguma coisa a mim mesma, para não ficar sozinha ou simplesmente para passar o tempo; o de estar na balada procurando por alguém que pudesse se encaixar no que procuro; e o de ir na balada apenas por diversão, para dançar, aproveitar a companhia das amigas e nada mais. Os dois primeiros casos não vejo como uma boa escolha, porque no primeiro eu posso ter magoado alguém que se interessou de verdade por mim enquanto eu só queria uma noite e nada mais, e no segundo porque o contrário também acontece e deixam resquícios não muito agradáveis (leia o tópico ironias do ficar).

Eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também

E aí se forma o círculo, ou circo, que literalmente pega fogo: fulana fez isso comigo, logo ninguém quer nada com nada, logo eu vou fazer também. E quando se dá conta formou-se um hábito na sua vida, de relações superficiais, em que demonstrar o que sente não é visto com bons olhos, e que muitos dos que fazem é só da boca para fora. Por uma noite vc tem diversão, acha que a pessoa tem tudo a ver com vc, inclusive até sai com ela mais alguns dias, trocam carinhos, palavras bonitas, mas aquilo não vai pra frente por vários motivos: medo de se envolver e se magoar; medo de uma rejeição – é melhor ser de todo mundo e todo mundo ser meu, do que não ser de ninguém; por experiências de relacionamentos anteriores frustrados que fizeram você ficar desconfiado; oferta e procura muito grande – afinal, pra que eu vou ser só de uma se posso ser de várias; falta de objetivos comuns; e por aí vai. Mas a maioria dos casos que escuto a reclamação é esta: “Ninguém presta. A mulherada não está fácil. Os homens só querem sexo. As pessoas não têm conteúdo. O mundo virou uma micareta!”

O efeito dominó


Será que é possível passar conteúdo em uma noite? Será que a balada é o lugar mais apropriado para isto, com música alta, clima de pegação, etc, etc (falo da balada por ser o lugar em que mais acontece os exemplos que estou citando). Será que você realmente tem investido tempo nesta pessoa para conhecê-la melhor e assim poder responder justamente se ela tem ou não conteúdo? Se os homens só querem sexo será que as mulheres, de certa forma, também não estão reforçando esta situação de alguma maneira, pela exposição do corpo, por seduzirem e provocarem, por também não esperar conhecer melhor seu parceiro e deixarem o desejo e tesão no primeiro plano? Se a mulherada não ta fácil, será que os homens também não têm contribuído para isso, ao tratá-las como objetos de desejo e descartá-las, criando o efeito dominó em que elas se sentem no mesmo direito como num mecanismo de defesa, em que acabam tratando outra pessoa da mesma forma com que foi tratada? Se o mundo ta uma micareta, tenho contribuído para isso de alguma forma? Com certeza, ambos, homens e mulheres têm sua parcela de “culpa” para as coisas estarem do jeito que estão. O “problema” do ficar não digo nem que seja o ficar em si, mas principalmente todas as outras coisas que o ficar traz para a nossa vida sentimental: desânimo, desilusão, mágoas e outras conseqüências.

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Ironias do ficar


Vou citar um caso memorável: certa vez depois de resistir um pouco acabei ficando com um cara na balada. Resolvi abrir exceção pois já havia um bom tempo que eu buscava ficar quietinha e não me precipitar. A química foi perfeita e o cara muito carinhoso. Tipinho neném, que nem gosto rs (quem me conhece sabe que me amarro). Voltamos juntos e ficamos conversando até o dia amanhecer. Não rolou nada porque penso diferente da maioria a respeito da prática banalizada do sexo (que se aplica na mesma cultura do descartável, já exposto aqui), mas como a pegada era boa é claro que o cara tentou alguma coisa, embora me respeitasse ao eu dizer não. No dia seguinte assim que acordou já me mandou msg todo carinhoso e animado de me encontrar novamente. Almoçou e me ligou para combinar de passar na minha casa para passarmos a tarde juntos.

Fomos para um barzinho onde ele sabia que estavam alguns amigos e chegando lá sentamos com eles, me apresentando vários casais. Quem via parecíamos um casalzinho feliz, de mãos dadas, carinhosos uns com os outros, e falando até no futuro (ele, porque eu ficava quieta e fazia papel de durona, com pé atrás que sempre tive, mas confesso que lá no fundo fiquei derretida). Ficamos até de noite juntos, depois eu tinha marcado um compromisso e não pude continuar com ele. Mas havia comentado que no dia seguinte iria em um local. Meninas, pasmem. No outro dia, acho que nem 24h depois, o carinha todo carinhoso e fofo comigo estava já com outra.

Eu acho que meu queixo ficou caído durante uma meia hora. Fiquei sem entender nada. Sei que não tínhamos compromisso, mas poxa, no dia seguinte? No lugar onde saberia que eu estaria? Depois de falar um monte de coisas, de te apresentar pros amigos e ficar de casalzinho com vc a tarde inteira? A menina poderia até ser um rolinho dele mais antigo, mas então mostra que ele também não estava sendo bacana com ela, pois passou os dois dias anteriores comigo. Acho que essa vai ficar pra sempre... rs, tem que rir pra não chorar.

E o pior é que depois disso ele teve a cara de pau de chegar em mim de novo, como se nada tivesse acontecido. É claro que levou 3 nãos (sim, ele foi insistente). Acho que nenhuma química, por mais perfeita que seja, e nenhum cara, por mais que faça nosso tipo, vale isso, concordam? Respeito é fundamental. E se não respeitarmos a nós mesmas nenhum homem irá fazê-lo! É por estas e outras que ficamos confusas, sem entender ou tentando tirar conclusões precipitadas, do tipo: 1) ele é maluco; 2) ele só queria me levar pra cama pelo meu corpo e como não conseguiu caiu fora; 3) ele ta pensando que eu sou o quê? 4) por que ele me disse aquelas coisas e agiu daquela forma? 5) ele é assim com todo mundo e igual a todos os outros.

Será que isso me fez bem? Nos dois dias que fiquei com ele sim, pois por um minuto pensei que encontrei alguém atencioso, bacana, fofo como foi naqueles dois dias comigo, e bem ou mal eu supri uma carência momentânea. Mas pouco tempo depois dou de cara com a realidade, por conta de uma escolha que fiz naquele momento sem nem conhecê-lo direito. Paguei para ver, tive o que pedi rs... o ficar é isso aí. É estar sujeito a...

Eu não estou mais disposta a ter apenas momentos bons, mas ilusórios, com alguém que você curte somente naquelas horas, trocando carinhos como se fossem namorados, mas que logo depois está com outra pessoa e passado uns dias ainda quer voltar pra vc, sabe-se lá ate por quantas horas... Sei que tive outras experiências não traumáticas, rs... e algumas até muito legais porque houve carinho e respeito, consideração, e por um motivo ou outro não deu certo, ou porque um dos dois não estava disposto ou preparado para assumir um namoro, e que acabamos virando bons amigos. Mas de todas, estas foram exceções.

O que vi na maioria das vezes realmente foi uma curtição minha ou do cara, de passar um momento juntos, mas totalmente vazio. Algumas vezes já esperei pelo tal telefonema que aconteceu ou não, mas na maioria delas eu nem dava meu telefone porque não queria que o cara me ligasse no dia seguinte. Louco não? Mas cada um tem seu tempo, seu momento de enxergar as coisas e optar por mudanças. Chega uma hora que você precisa escolher. E certas escolhas envolvem renúncias, transformação.


Suas respostas te direcionam


Acredito que precisamos nos fazer algumas perguntas: o que estou buscando? O que quero para minha vida condiz com o que busco? Onde tenho buscado seria o lugar mais apropriado para o que quero para mim? De que forma tenho buscado e porque estou agindo desta forma? Tenho contribuído para que esta busca tenha sucesso? Estou pronta para um novo relacionamento ou tenho feridas que ainda precisam ser curadas para não afetar alguém que não tem nada a ver com meu passado? Tenho tratado as pessoas da maneira como gostaria de ser tratada?

Refleti muito sobre tais questionamentos, e quero compartilhar as respostas e experiências com vocês, mas estas serão expostas num próximo post. Espero que cada um que passar por aqui possa refletir um pouco sobre suas escolhas de vida nesta área sentimental. Que Deus nos abençõe e nos ajude a sempre fazer as melhores escolhas. Que a sua decisão seja a melhor para você e seu próximo.